terça-feira, fevereiro 17, 2009

O Trote e o Espetáculo do Bullying

Pode me chamar de careta e antissocial, mas eu sou contra essa coisa estúpida chamada de trote estudantil.

Para começo de conversa, o trote nada mais é do que a prática do bullying: alguém se acha superior por estar numa determinada instituição há mais tempo, e por isso julga-se no direito de exercer autoridade sobre os novatos.

Alguns que aprovam o trote justificam dizendo que é uma forma de socialização e diversão. Eu diria que é mais eficiente como forma de humilhação e exclusão.

Para mim qualquer trote é uma opressão, seja o leve ou o tal do trote solidário.
Vou explicar por que...

Trote leve e mediano
Cortar ou raspar o cabelo, jogar tinta ou sujeira, rasgar as roupas, mandar pedir dinheiro no semáforo, ridicularizar em público (mandar gritar coisas sem sentido, vestir roupas humilhantes ou ficar só com a roupa de baixo) etc.

Tem calouro que acha divertido e faz questão de participar. Nada contra! Cada um que seja responsável pelas próprias decisões.

No entanto, há pessoas que não querem participar, e o problema começa quando a recusa do "bixo" não é respeitada pelos veteranos. Estes, indignados por terem sua "autoridade" questionada decidem então forçá-lo a obedecer. Havendo resistência por parte do calouro, os veteranos passam então à prática do trote violento.

Trote violento
Agressão, perseguição, estupro, ingestão de vômito e todo tipo de sujeira, provocação de embriaguez, tentativa de afogamento etc.

Não é preciso dizer o quanto essas práticas são repugnantes.
É desolador ver um grupo de pessoas com acesso a cultura e informação desprezar a própria inteligência.

Trote solidário
Praticar atividades assistencialistas, tais como coleta de alimentos e roupas, doação de sangue e outras ações "voluntárias" promovendo a cidadania.

Muitas instituições de ensino adotaram esse tipo de trote como forma de eliminar ou amenizar a prática do trote tradicional, e claro, como auto-promoção.

A iniciativa pode até ser nobre, no entanto continua a exercer o autoritarismo sobre o novato.
Qualquer ação voluntária, como o próprio nome já diz, deveria ser praticada por espontânea vontade, do contrário perde todo o sentido.

Mas então por qual motivo as universidades não promovem simplesmente uma festa de boas vindas aos calouros em vez desse circo todo? Por que depois de se preparar arduamente para o vestibular, o estudante ainda tem que se submeter a mais uma prova que, assim como a anterior, traz como consequência a segregação de pessoas?
Todavia, a versão "amena" da antiga prática, que mistura cabeças raspadas, pintura corporal, "pedágios" e "aulas-trote" (em que um veterano se faz passar por um professor tirano), parece ter o objetivo implícito de perpetuar o sadomasoquismo pedagógico perante a sociedade, sociedade esta que parece muito mais preocupada com o espetáculo do que com a violência, e tolera a violência ritual praticada regularmente contra os jovens como um símbolo do sucesso daqueles que foram aprovados no vestibular. (Trecho retirado da Wikipédia)
 Tá explicado.

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