sábado, janeiro 15, 2011

Desgavetamento de ideias

Olá, meus queridos leitores fantasmas! =D

Como passaram o réveillon?
[Isso, aquela comemoração esquisita que nossa espécie adora fazer, em que se acredita que a divisão do tempo (...dias, meses, anos, décadas, séculos...) criada por nós mesmos, será responsável por uma grande renovação em nossas vidas. É quando fazemos shows pirotécnicos e promessas que nunca se cumprem.]
Lembraram-se? =)

Bem, gostaria de produzir algo novo, mas como me falta aquela inspiração que me faz escrever por horas e achar divertido, resolvi reaproveitar um texto que escrevi algum tempo atrás para um blog que tratava sobre pseudociência e de cuja equipe eu fazia parte. Infelizmente o projeto não foi além, mas as ideias continuam vivas. Se quiserem visitar: http://cienciaepoder.blogspot.com/

No texto falo sobre a importância de questionar o mundo, sejam valores da sociedade ou nossas próprias convicções. É uma breve dissertação sobre ser cético:

Introdução ao Ceticismo

É ilusão esperar que outras pessoas, além de você, compreendam o seu modo de agir e pensar com toda a completude envolvida, afinal foi o seu conjunto de experiências que resultou na personalidade que você tem hoje. O outro, cujas experiências são naturalmente diferentes das suas, nunca enxergará pelo mesmo prisma que você, por mais que ambos possuam ideias convergentes.
Acredito que em algum momento, em um exercício de imaginação, você já tenha tentado idealizar um indivíduo que tivesse os cinco sentidos sincronizados nanometricamente aos seus e pensasse exatamente como você, e ao fim da experiência tenha constatado que esse indivíduo não pode existir fora do seu corpo e da sua mente, dadas todas as barreiras da física e da própria lógica, e que ele não pode ser outra coisa, a não ser você mesmo.

Apesar disso, nós estamos a todo momento tentando impor nossas ideologias às pessoas, mesmo que de modo inconsciente. Em algum momento da vida nós convictamente acreditamos ser os donos da verdade. Parece que somos intrinsecamente grandes tolos.
O desconhecido e tudo aquilo que é contrário ao que acreditamos desperta em nós um sentimento de repulsa e medo, nos sentimos ameaçados e desprotegidos, por isso tendemos a criar bloqueios mentais, eles protegem-nos da reflexão e resguardam nosso ego, para que voltemos o mais rápido possível para a zona de conforto.

Em algum momento você já se perguntou sobre a origem dos seus valores? De onde eles vieram? Por que são deste ou daquele jeito? Já pôs em jogo suas convicções?

Decerto não é algo agradável para se fazer, ainda mais em um momento da sua vida em que tudo vai bem, mas se você tem a honestidade intelectual como uma meta, cedo ou tarde passará por essa experiência. A dúvida seria como uma nave espacial que nos leva ao mundo das descobertas, mas para viajar não podemos ter medo de deixar nosso mundo já conhecido, não podemos temer o questionamento. Aliás, o próprio medo deve ser questionado.

Spoiler da vida real
[Pare de ler aqui se não quiser se decepcionar e, pior, estragar todas as surpresas da viagem]

Ao chegar no mundo das descobertas, nos depararemos com a pior das conclusões: ele não é tão bonito e feliz, é assustador e impiedoso. No início relutamos em aceitá-lo tal como ele é, mas como nossa viagem não tem volta, aos poucos nos conformamos com nossa situação e passamos a explorá-lo mais profundamente em busca de toda a verdade.

Entre alívios e desesperos vamos nos dando conta de que o mundo em que vivíamos não passava de uma fantasia que ao mesmo tempo confortava e aprisionava. Então, a sabedoria virá da sua mais importante descoberta: nunca conheceremos a verdade última de qualquer coisa!

Percebemos que por mais poéticas que algumas explicações possam ser, não refletem de fato os fatos. Chegamos não a lugar nenhum, mas ao vácuo contemplativo. É o último estágio, aquele em que percebemos toda a tolice que é se agarrar a convicções, que ter humildade de nos assumirmos ignorantes é uma das maiores virtudes e que o mais importante não é nos voltarmos para fora, mas sim para dentro de nós mesmos.

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